domingo, 27 de maio de 2018

Vinte e sete de maio


Sonhei com uma imagem estática. Quase um fotografia. Um sonho bom e ruim ao mesmo tempo. Eu te via no meio de algumas pessoas. Tu me observava e sorria. Eu tentava chamar tua atenção e nada. Quando finalmente conseguia me aproximar de você algo acontecia e tudo voltava para a imagem inicial. Tentei conversar. Tentei mudar. Tentei correr. Nada adiantou. Tu permanecia ali, me olhando e sorrindo. Já não conseguia dizer se teu riso era de alegria, zombaria ou então pena.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Outro sonho do passado

Eu estava viajando. Encontrei meu pai e fui com ele até uma empresa. Ele trabalhava lá. Meu pai estava empolgado pois queria me apresentar para a chefe dele. Chegamos até o escritório do chefe e ela estava atendendo um jovem com cara de desesperado. As contas não estavam batendo. O pai falou que eu poderia ajudar. Fui para os papéis e comecei refazer todas as contas. O jovem não reagia, só estava desconsolado. Ele sabia que não ia ganhar o suficiente. Estava tristíssimo. As contas não bateram e a mulher foi embora. Ficamos os três conversando. Perguntei da vida do jovem, afinal ele teria mais ou menos a minha idade. Me contou sobre sua vida e também me revelou a idade do pai dele. Falei que o meu pai era uns 15 anos mais velhos que isso. Rimos e o meu pai veio pra cima de mim brincando, forçando uma briguinha. Ele ria, mas eu notava uma tristeza profunda ao reconhecer a sua idade...

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Um sonho no passado

Naquele sonho eu fiquei com uma amiga minha, foi bem legal. Fomos para minha casa que era maior e com mais cômodos do que a de agora. Lá ficamos, transamos, deitamos, sorrimos. Vieram me chamar. Fui ver o que era e de repente um turbilhão de imagens me atingiu. Tudo misturado, confuso. Vi uma outra amiga, caminhando na minha frente, me olhando, um sorriso triste e indo embora. Pessoas aleatórias, coisas aleatórias, situações aleatórias. Voltei ao momento onde tudo começou. Estava na rua, um homem me pediu informação. Ele queria se encontrar. Queria chegar me casa. Eu ajudei. Fomos até o número 2001. Ele entrou na casa dele e fui para a minha. Ao chegar vi a amiga, com que fiquei no início, com outro homem. Um amigo nosso em comum. Eles estavam se beijando. Estatizei em choque, pois ele é casado. Me afastei e fui caminhar. Talvez o turbilhão de imagens houvesse embaralhado as coisas. Nunca se sabe o que ele é capaz de fazer.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Primeiro de Novembro

Eu sabia que era sonho. Aquele sonho meio acordado, meio dormindo. Quando o mundo está prestes a desvanecer nas brumas do imaginário. Eu sabia que estava em casa, mas minha casa era a rua. Uma rua qualquer, com calçada, muro de tijolos, pontos onde grama quer vencer a pedra e coisas assim. Estava deitado na minha cama e caminhava para onde eu não sei. Eu vi um cachorro, nem grande, nem pequeno. Um vira-lata de rua, simpático e com cores que não sei definir. Deitado na minha cama, eu me aproximei dele para lhe fazer um carinho. Algo mudou nele e um fúria incontrolável o acometeu. Avançou para me atacar, com uma voz desesperada. Pulou para me morder. Eu quis fugir, mas estava na minha cama quase dormindo. Eu não tinha para onde ir. Tropecei em meus pés e cai. Uma queda de morte. Uma queda de fim. Uma queda.

Acordei sobressaltado com o coração correndo, o corpo parado, os olhos abertos e leve sensação de não saber em quem confiar.

domingo, 20 de agosto de 2017

Vinte de Agosto

Penso nas coisas como acontecem. No que elas significam. Me prendo em significados. Nesta noite eu estava na minha cidade natal. Do lado de fora da casa da minha vó que não era a casa da minha vó. Conferi a mochila, o presente, a bicicleta e encontrei uma pessoa. Conversei com esse alguém, não lembro quem. Trocamos palavras, sorrisos, despedidas. Hora de ir para onde eu tinha que ir. Conferi novamente meus pertences. Mania adquirida após anos de perdas consecutivas. Tudo estava ali. Tudo estava comigo. Tudo pronto. É só seguir em frente. 

Andei por ruas conhecidas que não era as mesmas de minha infância. Passei ao lado casas e lojas, cumprimentei pessoas, segui meu caminho. Preocupado com o que carregava, fui conferir o que eu tinha. Parei na escola que minha mãe frequentou e comecei a conferir. Hábito de pessoas esquecidas. Encontrei algum conhecido que já não conheço. Conversamos. Sorrimos. Ele me alertou. Falou que em breve eu passaria por uma avaliação e tinha que tomar cuidado com o que carregava. Pensei logo no presente. No que era importante. Me preocupei. Eu não podia ser pego. Segui cauteloso. Fui devagar, mas logo acelerei. 

Passei barreira sem ser notado. Agora era só felicidade. Corri como as águas de um rio. Indomável e feliz. Diminui o ritmo e comecei a conferir minhas coisas. A mochila estava ali. O presente também. A bicicleta não. O peso da minha perda me consumiu. Eu tinha que ir, mas não queria deixar nada para trás. Voltei como um raio sem pensar nas consequências. Rosto sem expressão me observavam. Voltei para escola, nada ali. Fui até a praça. Nada. Fui em algumas ruas e nada. 

Puxei pela memória que era cada vez mais turva. Tentei lembrar quando eu estava com ela. Na escola? não, não lembro. Nas ruas? Sim, mas já não tenho certeza. Na casa de minha vó? Sim, eu vi ela ali. Quando sai? Sim... talvez... não lembro. Corri até o início. 

Eu não conseguia terminar meu caminho. Eu estava preso no passado. Naquilo que ficou pra trás. Meu presente era inútil. Não era possível seguir em frente. Eu me afundava no passado. Eu me agarrava no que tinha perdido. No que já não estava comigo. Percebi que acorrentado ao que já não me pertencia, eu não conseguir chegar ao meu destino.

Acordei com um gosto de passado na boca. Pensei nas coisas que aconteceram. Nos seus significados. 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Oito de julho

Eu estava numa cidade do interior (gaúcho, paulista, mineiro, carioca, não sei). Ali eu iria encontrar alguns amigos. Descobri que meu tio estava ali e deveria cuidar de um certo objeto. Um pergaminho, que continha informações. Andei pela cidade procurando ele. No nosso encontro, conversamos e ele seguiu para uma caminhada. Eu voltei para a pousada na qual iria ficar hospedado. Já no caminho algo começou a me chamar a atenção. Parecia que eu via ela, cabelos castanhos, um pouco puxado para o vermelho. Achei estranho mas não achei que fosse. Segui até a pousada. Ao abrir a porta, eu a vi conversando com outras pessoas. Parei. estático. Alguns segundos em câmera lenta e segui meio perplexo para o outro lado da pousada. Ela me viu, sorriu e voltou a falar com as pessoas. Quando eu estava terminando os detalhes e vendo o quarto que iria ficar, ela apareceu na minha frente. Nos abraçamos, o beijo com vontade da boca alcançou a bochecha. Nosso toque demorou. Sentamos em uma mesa e conversamos. Falei do meu tio e do que fazia ali, ela disse que veio ver a movimentação e que algo importante iria acontecer. Que estava ali instalada, em uma sala/depósito. Subi para o quarto improvisado dela. Conversas sobre a vida. Toques, abraços, beijos, sorrisos, certa felicidade.

Entre brincadeiras e conversas encontramos o tal pergaminho. Não sabia que estava ali. Ouvi a Dona da pousada me chamar. Fui lá e ela me seguiu. Conversamos com a mulher mais velha. Ela pediu para que nada fosse tocado, nada fosse mexido, pois já foi bondosa em deixar a menina naquele lugar sem cobrar nada. Eu era um convidado e não devia esperar grandes regalias. A mulher se foi e ficamos os dois trocando olhares. Corremos de volta para o quarto improvisado dela e conversamos. A tentação era grande e não resistimos. Nos entregamos para a curiosidade.

Abrimos o pergaminho devagar e foi como se um luz emanasse por todo o quarto. Era mágico. Era proibido e estava em nossas mãos. Não sabíamos o que olhar. Para nós, para a porta, para o pergaminho, para a janela... Nos concentramos no pergaminho. De subido alguém abre a porta. Era um amigo. Ele chegou para nos cumprimentar. Contamos rapidamente o que aconteceu e a importância daquilo. Ganhamos um aliado. A dona desconfiada me chama. Eu corro em direção dela e conversamos fora do quarta da menina. Eu falo alto, tentando ganhar tempo e avisar os dois ao mesmo tempo. A mulher desconfiada, entra no cômodo por outra porta. Ela observa lá dentro e vê apenas dois jovens sentados num colchão no chão. eu estou atrás dela. Ela verifica as coisas, disfarçadamente vai até o pergaminho, que está intocável. Intacto. Ela sai com um sorriso falso na boca.

Aliviado eu vou para a cama sento ao lado dela. Suspiro longo. Olhares conspiradores. Risadas altas e seguras. Tudo estava em paz. Me escoro no ombro dela e já posso acordar em segurança. Tudo estava em paz.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Vinte e oito de junho

Eu não lembro direito do que aconteceu, mas lembro de estar em casa.

Não.

Eu estava na casa de minha mãe conversando com pessoas, falando sobre algo importante. Em meio a conversas e discussões o barulho de uma campainha.

Não.

Eram batidas na porta. Constantes. Eu meio perdido, meio confuso de deixar as pessoas de lado, vou atender. Abro a porta e sol brilha forte. Eu logo reconhece você.

Não.

Eu fui te descobrindo com o olhar. Você estava de lado e olhava para o chão. Conforme se mexia e volta o olhar para minha direção, eu ia percebendo o teu brilho ou era o sol? Não importa, era intenso. Sorrimos um para o outro.

Não.

Você com a mão no cabelo, olhar tímido e sorriso encabulado. Eu sorrio também e conversamos com olhares. Sem palavras. Só sorrisos. Você entrou e nada mais importou.

Não.

Eu te convidei para entrar, mas antes que você respondesse ou entrasse... eu acordei.