sexta-feira, 8 de julho de 2016

Oito de julho

Eu estava numa cidade do interior (gaúcho, paulista, mineiro, carioca, não sei). Ali eu iria encontrar alguns amigos. Descobri que meu tio estava ali e deveria cuidar de um certo objeto. Um pergaminho, que continha informações. Andei pela cidade procurando ele. No nosso encontro, conversamos e ele seguiu para uma caminhada. Eu voltei para a pousada na qual iria ficar hospedado. Já no caminho algo começou a me chamar a atenção. Parecia que eu via ela, cabelos castanhos, um pouco puxado para o vermelho. Achei estranho mas não achei que fosse. Segui até a pousada. Ao abrir a porta, eu a vi conversando com outras pessoas. Parei. estático. Alguns segundos em câmera lenta e segui meio perplexo para o outro lado da pousada. Ela me viu, sorriu e voltou a falar com as pessoas. Quando eu estava terminando os detalhes e vendo o quarto que iria ficar, ela apareceu na minha frente. Nos abraçamos, o beijo com vontade da boca alcançou a bochecha. Nosso toque demorou. Sentamos em uma mesa e conversamos. Falei do meu tio e do que fazia ali, ela disse que veio ver a movimentação e que algo importante iria acontecer. Que estava ali instalada, em uma sala/depósito. Subi para o quarto improvisado dela. Conversas sobre a vida. Toques, abraços, beijos, sorrisos, certa felicidade.

Entre brincadeiras e conversas encontramos o tal pergaminho. Não sabia que estava ali. Ouvi a Dona da pousada me chamar. Fui lá e ela me seguiu. Conversamos com a mulher mais velha. Ela pediu para que nada fosse tocado, nada fosse mexido, pois já foi bondosa em deixar a menina naquele lugar sem cobrar nada. Eu era um convidado e não devia esperar grandes regalias. A mulher se foi e ficamos os dois trocando olhares. Corremos de volta para o quarto improvisado dela e conversamos. A tentação era grande e não resistimos. Nos entregamos para a curiosidade.

Abrimos o pergaminho devagar e foi como se um luz emanasse por todo o quarto. Era mágico. Era proibido e estava em nossas mãos. Não sabíamos o que olhar. Para nós, para a porta, para o pergaminho, para a janela... Nos concentramos no pergaminho. De subido alguém abre a porta. Era um amigo. Ele chegou para nos cumprimentar. Contamos rapidamente o que aconteceu e a importância daquilo. Ganhamos um aliado. A dona desconfiada me chama. Eu corro em direção dela e conversamos fora do quarta da menina. Eu falo alto, tentando ganhar tempo e avisar os dois ao mesmo tempo. A mulher desconfiada, entra no cômodo por outra porta. Ela observa lá dentro e vê apenas dois jovens sentados num colchão no chão. eu estou atrás dela. Ela verifica as coisas, disfarçadamente vai até o pergaminho, que está intocável. Intacto. Ela sai com um sorriso falso na boca.

Aliviado eu vou para a cama sento ao lado dela. Suspiro longo. Olhares conspiradores. Risadas altas e seguras. Tudo estava em paz. Me escoro no ombro dela e já posso acordar em segurança. Tudo estava em paz.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Vinte e oito de junho

Eu não lembro direito do que aconteceu, mas lembro de estar em casa.

Não.

Eu estava na casa de minha mãe conversando com pessoas, falando sobre algo importante. Em meio a conversas e discussões o barulho de uma campainha.

Não.

Eram batidas na porta. Constantes. Eu meio perdido, meio confuso de deixar as pessoas de lado, vou atender. Abro a porta e sol brilha forte. Eu logo reconhece você.

Não.

Eu fui te descobrindo com o olhar. Você estava de lado e olhava para o chão. Conforme se mexia e volta o olhar para minha direção, eu ia percebendo o teu brilho ou era o sol? Não importa, era intenso. Sorrimos um para o outro.

Não.

Você com a mão no cabelo, olhar tímido e sorriso encabulado. Eu sorrio também e conversamos com olhares. Sem palavras. Só sorrisos. Você entrou e nada mais importou.

Não.

Eu te convidei para entrar, mas antes que você respondesse ou entrasse... eu acordei.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Dezoito de Maio

Eu falava com ela por telefone. Ele me dizia algumas coisas, mas me disse que apareceria num programa. Ansioso fiquei a espera do programa. Vi de relance seus rosto e sorriso, era pouco tempo para o tanto que queria vê-la.

Comecei uma caminhada por um cidade que só existe no irreal. Ela era a justa mescla de lembranças do passado e do presente. Por uma rua que só eu sabia onde era e para onde iria eu encontrei ela de bicicleta e corri atrás. Acompanhei ela e conversamos coisas simples. Lhe falei que estava bonita e que era ótimo tê-la aqui. Andamos um pouco juntos e ouvi outros amigos se aproximarem. Eram meus amigos do teatro. Eles juntos cantavam. Quando pararam na entrada de uma ponte, um deles procurava saber uma outra música para cantar, como eu estava por perto cantei. Era "Transfiguração" do Cordel de Fogo Encantado. Percebi de relance que tu não parou comigo, mas continuou pela estrada, e não pela ponte.

De imediato corri para seu lado e perguntei onde iria. "Vou seguir" você me falou e se foi. Antes de se afastar, antes de eu pudesse reagir, eu acordei.

Agora lembro que não vi seu rosto nenhuma vez.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Dezessete de Maio

Eu estava na praça de minha cidade natal. O dia estava ensolarado. Eu corri até a escola onde meu irmão estudava quando jovem e procurei por algo ou alguém. Senti que o mundo era claro e tudo estava em certa paz. Vi crianças que passavam por mim sorrindo. Subi para o segundo andar e sem encontrar quem procurava continuei. Conversei com pessoas, sem saber quem era e sem saber o que falava. Satisfeito com o assunto irrelevante, sai da escola sem encontrar quem procurava.

Voltei a praça. Encontrei meu pai e minha madrasta. Conversamos brevemente sobre a vida. Agora lembrava o que devia fazer. Eu devia apresentar meu espetáculo solo ali na praça para todos verem. Seguimos procurando o melhor lugar possível. Encontramos um espaço circular que servia perfeitamente ao nosso propósito. Ali era amplo, com o chão misturado de grama e concreto e estranhamente aconchegante. O sol dava aquele lugar uma sensação de paz e tranquilidade. Ali era o local ideal.

Quando tudo estava decidido e uma conversa estava se desenrolando entre meu pai e eu, tudo mudou. Pois era hora de acordar.